Entender como funciona o pH da água na piscicultura é crucial para melhorar a qualidade na criação e na produtividade. Afinal, isso influencia diretamente na incidência de substâncias químicas, podendo inibir suas funções ou se tornarem extremamente tóxicas, prejudicando o metabolismo dos peixes.
Para entender esse assunto tão importante em detalhes, preparamos este post, no qual explicaremos o que é pH, a sua importância e qual o ideal para você ter um desenvolvimento de peixes sempre saudável. Além disso, abordaremos qual é a escala ideal na hora da avaliação. Acompanhe!
O que é pH?
O pH é uma abreviação do termo potencial hidrogeniônico, o qual determina a concentração de H+. Ele é uma medida do grau de acidez e alcalinidade da água, sendo que os valores se estendem desde 0 até 14. Assim, valores acima de 7 (pH neutro) indicam que a substância é alcalina e abaixo desse valor é ácida.
De forma geral, na aquicultura, os valores entre 7 e 8 são ideais para os peixes de água doce. Inclusive, a resolução CONAMA 357/05 aponta que a classificação na piscicultura apresenta classes especiais I e II. Além disso, estipula que o pH ideal pode se estender entre 6,0 e 9,0. Valores abaixo de 5 já são considerados nocivos para a criação e pH entre 9,0 e 10,0 também causa mortandade.
O maior responsável pela variação são fatores como o ácido carbônico , principalmente por causa do fitoplâncton, que produz gás carbônico durante a fotossíntese e, no excesso, contribui para a acidez com íons H+. Já na ausência desses cátions, o meio se torna mais alcalino com a presença de OH-.
Qual é a importância do pH para a piscicultura?
O pH da água está diretamente ligado na interação com o metabolismo dos peixes e nas substâncias químicas contidas. Por exemplo, se no meio houver despejo de ácidos, os animais apresentarão maior frequência respiratória e demonstrarão o famoso sintoma de “abocanhar” o ar na superfície. Em valores extremamente ácidos, abaixo de 4, muitas espécies apresentam morte imediata.
Ainda, não é só a acidez que deve ser considerada, mas ambientes alcalinos, com pH acima de 9, e altas temperaturas também tornam a água extremamente tóxica. Portanto, a faixa ideal de muitas espécies está entre 6,0 e 9,0. Além de fatores, como a fotossíntese, a variação desse fator também é influenciada pelas características do solo — devido à lixiviação de minerais, como sais e carbonatos.
Assim, além de compreender pontos como dióxido de carbono, oxigênio e temperatura, o pH da água não deve ser negligenciado para a produtividade constante na criação. Lembre-se de que peixes muito agitados é um indício de estresse que pode ser causado por esse fator.
Qual é o pH ideal para tanques?
Para reforçar sobre esse tema para os criadores na hora do monitoramento, existe uma faixa na qual é fundamental se atentar. Sendo que:
abaixo de 4 é letal para os peixes;
entre 4 e 6 há estresse e dificuldade de respiração;
na escala neutra, entre 6 e 9, eles têm metabolismo e reprodução saudável;
por fim, na faixa de 11 a 14 causa mortalidade.
Outro ponto importante é que alcalinidade não deve ser confundido com pH alcalino, visto que ela pode ter a dosagem recomendada entre 15 e 20mg/l e ter um pH na faixa de 6,0 e 6,5 (ácida). Inclusive, na larvicultura de várias espécies de peixes de água doce, o cálcio é um mineral importante para a formação adequada dos microcrustáceos zooplânctons.
Portanto, os produtores de alevinos nos tanques devem sempre prestar atenção para outro fator importante, que influencia diretamente no pH da água: a dureza total e mantê-lo acima de 40mg de CaCO3/l.
Inclusive, para monitorar a concentração de gás carbônico CO2, é preciso avaliar a quantidade de algas presentes no criatório. Afinal, além de reduzir o pH, valores elevados desse gás prejudicam a qualidade da criação, ocasionando a asfixia de peixes. Para a criação de viveiros, o ideal é estar na faixa de 10mg/l. A partir de 20mg/l, é preciso redobrar a atenção. Inclusive, questões com parasitas e infestação bacteriana contribuem para a elevação desse gás.
Outro ponto importante é que há variação de pH de acordo com o horário do dia, principalmente pelo balanço da fotossíntese e da respiração. Para entender melhor, no amanhecer até o meio da tarde, o gás carbônico se reduz e o pH se eleva, devido à atividade fotossintética das algas. À noite, ocorre o inverso.
Como avaliar a escala de pH na piscicultura?
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São usados medidores de pH junto à água do a ser analisada. Portanto, são feitas as seguintes etapas:
1. Colete a água do aquário a ser analisada, até a marca 1 da proveta;
2. Com a bisnaga na posição vertical, pingue 6 gotas da solução reagente, tampe o tubo e agite;
3. Após 2 minutos, compare a cor desenvolvida com a escala de cores apresentada no verso. Para melhor comparação, encoste a proveta aberta na cor mais apropriada da escala e faça a leitura por cima. Cada tonalidade de cor corresponde a um determinado pH.
Afinal, o que é essa escala que tanto falamos? Ela funciona como indicador para auxiliar a detecção do potencial hidrogeniônico. Ou seja, as substâncias revelam a presença de íons livres de acordo com a concentração de H+ ou OH-. Assim, a partir da cor verde (pH Neutro) até vermelho-escuro, o meio está ácido. Já do verde até o azul-escuro, o meio está alcalino.
Embora haja variação do pH da água, devido a fatores como minerais dissolvidos, para a maior parte das espécies de água doce, a faixa ideal é que ele esteja entre 7 e 8. Para a correção de acidez, a aplicação de bicarbonato é bastante usada e ele pode ser encontrado em farmácias e lojas agropecuárias. Inclusive, opções como conchas trituradas também funcionam muito bem, devido ao cálcio na composição.
Entender como avaliar o pH da água é um fator essencial para a maior produtividade na criação de peixes. Contudo, apesar dos principais pontos aqui citados, não esqueça de estudar esse fator na biologia da espécie, visto que pode haver animais adaptados a meios mais alcalinos.